Dezenas de repórteres, cinegrafistas e fotógrafos estavam a postos, em frente ao Espaço Ônix, na região de Interlagos, em São Paulo. Eles aguardavam a chegada do jornalista Felipeh Campos, 34, e seu noivo, o produtor de moda Rafael Scapucim, 26, que realizariam o anunciado "primeiro casamento gay do Brasil".
Na realidade os dois firmaram um contrato de parceria civil, oficializando a união. Advogados especializados garantem que contratos desse tipo já foram realizados no país, o que tira o ineditismo anunciado.
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Os noivos chegaram no mesmo carro, às 21h30, com uma hora de atraso em relação ao horário marcado no convite. Vestidos de roupas brancas, eles tinham na cabeça uma coroa de louro, com uma pena vermelha de Ekodidé na ponta, usada nos rituais do candomblé. Nas mãos, carregavam terço de pimenta.
Cada noivo foi conduzido pela respectiva mãe até o altar, ao som de atabaques e cânticos entoados por baianas. Cerca de 400 convidados acompanharam a cerimônia que durou meia hora e foi realizada pelo babalorixá Cido de Oxum. Os noivos são adeptos do candomblé.
"Não estamos aqui para falar de sexo, mas, sim, de amor entre duas pessoas", disse o pai-de-santo, que fez a cerimônia "em nome de Oxum, Olorum, Alá, Buda, e Deus".
Padrinhos, fotógrafos e cinegrafistas se acotovelaram para ter a melhor visão dos noivos no altar improvisado. Na saída, punhados de arroz colorido de rosa foram jogados nos noivos, que foram na entrada do espaço soltar uma pomba da paz.
Acho que todo mundo pode se amar",
Durante a festa, após cortar o bolo que trazia dois bonequinhos, um loiro e outro moreno
O Tribunal de Justiça do Estado decidiu
, reconhecer um casamento religioso realizado pela religião afro-brasileira, o candomblé. A decisão da Oitava Câmara Civil, inédita no Brasil, beneficia Gorete Catarina Dorneles Machado, que viveu 14 anos com Renato Fernandes Guedes e teve a união selada numa cerimônia umbandista.
Após a morte de Guedes, em 1997, surgiu uma disputa pelos bens do casal, devido a uma relação extra-conjugal mantida por ele, na qual teve um filho com outra mulher. Com o reconhecimento, Gorete terá direito não só a parte da herança, como também a pensão previdenciária. O relator da matéria, desembargador Rui Porta Nova, diz que a decisão reconhece os direitos religiosos e, principalmente, do povo negro. Segundo ele, a decisão mostra que o casamento no camdomblé tem tanto valor quanto na religião israelita ou católica, além de ser o reconhecimento da cultura negra.
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